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Revista da CAASP / Abril 2013
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PALAVRA DO PRESIDENTE
O
mundo saudou Francisco, o novo Papa,
líder da Igreja Católica, que reúne mais de 1
bilhão de fiéis. No Brasil, onde mais de 60%
da população se afirma católica ­ algo em torno de
120 milhões de pessoas -, a reação inicial dividiu-se
entre os que enalteceram a escolha do primeiro Papa
latino-americano e os que lamentaram, geralmente
com piadas, sua nacionalidade argentina. Vejo
ambas as reações como desprovidas de qualquer
sentido lógico, e movidas por um bairrismo quase,
digamos, futebolístico.
Inúmeras vozes, algumas delas a ocupar espaço de destaque em veículos de comunicação de alcance
nacional, acorreram a Jorge Maria Bergoglio para, desde logo, pedir que volte o olhar papal à América
Latina. Erro crasso de enfoque. Esta região, a despeito de desigualdades históricas ainda por superar,
tem a democracia consagrada em praticamente todas as nações que a compõem e vive momento
de avanço socioeconômico. Devesse o Sumo Pontífice definir prioridades geográficas, imagino que
dirigiria sua atenção maior a países africanos em que fome e miséria são regra, ou à triste região
do Oriente Médio, onde o belicismo passa de geração a geração sem qualquer aceno concreto no
sentido da paz.
Ouso apostar, contudo, que a sabedoria do Papa Francisco não o conduzirá por nenhum dos dois
caminhos. A influência e a abrangência da Igreja Católica, que não se limitam a seus seguidores
declarados, não podem privilegiar esta ou aquela região. Ações pontuais em situações específicas
são bem-vindas, por óbvio. Mas a mensagem cristã, em sua versão católica ou em qualquer outra,
tem alcance universal e aplica-se a todos os seres humanos ­ governantes, governados, abastados e
carentes.
O Século XXI abre suas portas à Igreja Católica, e Jorge Maria Bergoglio pode ser o homem a trazê-
la para a contemporaneidade. A dedicação aos estudos e o ativismo social, características dos
O Papa é argentino.
E daí?