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Abril 2013 / Revista da CAASP
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Seria muita pretensão minha imaginar que
meus artigos tenham esse efeito. Eu apoiei o
Lula, apoio o governo da Dilma porque eu acho
que estamos num processo de construção de
uma sociedade mais justa. O objetivo não é só
o crescimento, o objetivo é o crescimento com
inclusão, o objetivo é o crescimento em que as
oportunidades surjam para todos.
Não importa se você foi fabricado na suíte presidencial do Waldorf Astoria ou num sábado à noite,
meio bêbado, em frente ao Museu do Ipiranga, debaixo de um poste. Depois de fabricado, não
importa sua cor, seu credo, você tem direitos. Esse conceito é que está imbuído tanto na postura do
Lula quanto na postura da Dilma.
No tempo do "Milagre Econômico", quando o senhor foi ministro da Fazenda, o PIB brasileiro
cresceu muito, mas as desigualdades sociais se aprofundaram, ao contrário de hoje. Ou não?
Isso é uma tolice. Naquela época, se crescia 11% ao ano com inflação declinante. Imagine-se uma
coluna daqueles que tiveram o benefício de ter curso superior. E outra coluna composta pelo que
chamamos de exército de reserva, e que, à medida que há demanda, vai entrando na primeira coluna.
Quando ocorre desenvolvimento, a demanda de pessoal qualificado cresce muito mais depressa,
mas havia o exército de reserva desempregado. Nós criamos 15 milhões de empregos naquela época.
A distribuição de renda não mede bem-estar, a distribuição de renda mede a distância entre as
pessoas. O bem-estar vem se você diminuir a distância entre as pessoas. Por que o bem-estar está
aumentando agora? Por dois motivos. Primeiro, porque você tem uma preocupação enorme com os
10% mais pobres e está aumentando a oferta aos 10% mais ricos. Isso reduz a distância entre eles.
O Brasil é um país construído por imigrantes. Hoje, nós deveríamos estar abrindo a imigração,
deveríamos trazer pedreiros, engenheiros, químicos, físicos, matemáticos, médicos que estão
desempregados na Europa para acomodar esse mercado de trabalho que está muito tenso, muito
estreito.
A grande revolução brasileira foi a revolução das mulheres. Quando eu era ministro, na Idade Média
(risos), cada mulher deixava seis filhos. Hoje, elas não deixam dois. Elas se educaram mais que os
homens, elas aprenderam, cresceram. A moça que era empregada doméstica tornou-se manicure. A
manicure foi para o call-center. A moça do call-center foi para uma loja de departamentos. A mulher
brasileira usava sabão de coco, hoje usa Dove. Esse é um processo civilizatório que aconteceu e que
não pode ser influenciado apenas com taxa de juros.
"O objetivo é crescimento com inclusão social"