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Revista da CAASP / Abril 2013
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ENTREVISTA
O economista mais
consultado do Brasil
Todos querem ouvir o que Antonio Delfim Netto tem a
dizer. Governo, oposição, políticos e economistas de matizes
diversas não ousam desprezar o que ele escreve em suas
colunas nos jornais "Folha de S. Paulo" e "Valor Econômico",
e na revista "Carta Capital". O ex-ministro da Fazenda do
governo do general Emílio Garrastazu Médici, época do
"Milagre Econômico" e apogeu da ditadura militar, hoje apoia
enfaticamente o governo Dilma Roussef. Da mesma forma,
enalteceu a condução da economia durante os governos
Lula ­ dizem até que a influenciou, o que ele nega. "Imagina
se alguém precisa soprar alguma coisa para o Lula!", exclama
o senhor de 85 anos, professor emérito da Faculdade de
Economia e Administração da USP.
Além de ministro da Fazenda, Delfim Netto ocupou as pastas
do Planejamento e da Agricultura. Foi embaixador do Brasil
na França e deputado federal por cinco mandatos. Nesta
entrevista a Paulo Henrique Arantes, editor da Revista
da CAASP, fala da "esquizofrenia" em torno da inflação,
das projeções para o PIB em 2013, da política de juros e da
atuação do Banco Central sob o comando de Alexandre
Tombini. "Ninguém manda no Tombini", assegura o
economista mais influente do Brasil nos últimos 40 anos.
Revista da CAASP ­ Afinal, a economia brasileira vai bem ou vai mal?
Antonio Delfim Netto - Na verdade, o Brasil vai muito bem. O Brasil mudou. Desde a Constituição
de 1988 as instituições estão muito mais sólidas, o país vem desenvolvendo instituições adequadas
a um crescimento razoável. O Brasil está mais justo.
Em 2012, crescemos muito pouco, mas nos últimos 16-17 anos temos crescido em torno de 3% ou 4%
ao ano, mas com uma mudança muito importante na distribuição da renda. A distribuição de renda
tem melhorado, tem aumentado a igualdade de oportunidades de tal modo que se está criando um
país mais decente.
O PIB de 0,9% em 2012 de fato é decepcionante. Mas, diante de um cenário mundial em que
a Europa está em recessão e os Estados Unidos crescem muito pouco, o desempenho do PIB
brasileiro configura uma catástrofe?
Para as nossas necessidades e possibilidades, seguramente é um crescimento baixo, mas que vai ser