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Abril 2013 / Revista da CAASP
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superado ­ eu estou convencido. O mais importante não é o crescimento no ano, mas sim que entre
o terceiro e o quarto trimestres de 2012 tenhamos crescido 0,8%-0,9%. Isso significa que o Brasil já
está crescendo alguma coisa entre 3% e 3,5% de modo anualizado. Então, estamos recuperando o
crescimento. E consolidando a ideia de que esse crescimento tem de ser feito com inclusão social.
É correto afirmar que "a inflação está de volta", em tom alarmista?
Por óbvio, é um exagero. Eu acho o seguinte: a inflação está mais alta do que a gente gostaria. O
objetivo no Brasil é 4,5%, ela está rodando em torno de 6% e deve terminar o ano abaixo de 6%. Não
é uma inflação para se bater palmas, mas não existe a menor possibilidade de se perder o controle
sobre ela.
Essa inflação, também, é produto de um certo comportamento esquizofrênico do governo. O
governo tem uma política social em que, por exemplo, ele aumenta o salário mínimo com uma
fórmula extravagante ­ como no ano passado, 14%. Tem de haver uma relação entre produtividade
e salário. A produtividade não subiu, então você tem tensões de custo produzidas por isso.
O governo faz distribuição de renda, o que é muito saudável do ponto de vista da sociedade, mas
quem produz também reduz seu investimento. Ou seja, diminuiu-se a taxa de crescimento. Isso
também exerce pressão inflacionária. Com a outra mão, o governo tenta controlar a inflação por meio
de política monetária, e não ataca alguns problemas estruturais que existem, como o desequilíbrio
fundamental no mercado de trabalho.
É preciso verificar o seguinte: não há a menor hipótese de se perder o controle dessa inflação. O
governo continua com instrumentos que tem para controlá-la, acho que tem agido corretamente,
não está se precipitando.
Existe, obviamente, um cabo de guerra entre o mercado financeiro e o governo. Há quem diga
que "para o governo readquirir credibilidade, é preciso aumentar a taxa de juros". Que o mercado
financeiro deseje isso é perfeitamente compreensível. Como ele tem um poder de transmissão
dessas ideias muito grande, criam-se ansiedades como esta, de que estaríamos a ponto de perder
o controle. Nada. A política fiscal brasileira é bastante virtuosa. Temos um déficit fiscal de 2,5% - um
dos menores do mundo.
Além do pessoal do mercado financeiro, há o pessoal das próximas eleições, não?
Esse é um processo legítimo, e um processo legítimo é uma delícia. Se você olhar, o Fernando