background image
Abril 2013 / Revista da CAASP
/
/
55
Esta, por si só, conduz a distorções. Algumas agremiações transformaram-se em verdadeiros cabides
de empregos. Basta ver a perenidade de muitas direções dos partidos.
São sempre os mesmos, sem ocorrência de qualquer alternância nos cargos. Os partidos tornaram-se
verdadeiros latifúndios. Ai de quem queira ingressar em seus campos de atuação.
Quanto ao financiamento, o melhor seria permanecer a sua concretização mediante doações
privadas. Apenas uma ressalva deveria ser feita. Apenas pessoas físicas poderiam ser doadoras e
até um limite. Chega de bancos e empreiteiras serem os figurantes nas listas dos doadores em cada
campanha. Nada é gratuito. Já disse alguém que não há almoço de graça.
Um ponto a ser abordado ­ e certamente não o será ­ é a forma da propaganda no rádio e na
televisão. Os princípios que regem a presença partidária nos meios eletrônicos foram desvirtuados.
As campanhas deixaram de ser informativas sobre a personalidade e posições dos candidatos.
Transformaram-se em mero espetáculo de luzes e cores. Sem qualquer significado profundo para a
democracia.
A campanha eletrônica deveria se ater a debates diretos entre os candidatos e a exposição imediata
de temas pelo próprio candidato e ao vivo. Chega de jogos de cores e de utilização de recursos da
informática.
A política, entre nós, tornou-se a negação da verdade. Tudo é falso nas campanhas eleitorais. Quem
menos aparece é o candidato. Tudo o mais é fantasia. Tal como em uma novela televisiva.
A reforma política não virá. E se chegar, terá apenas dois pontos: o financiamento público das
campanhas e eventualmente o fim das coligações proporcionais.
Seria um passo. A caminhada, porém, é muito mais extensa. A democracia é sistema que exige
constante aperfeiçoamento. Este parece não ser de interesse dos donos transitórios do Poder.
*Advogado e professor, Cláudio Lembo é ex-governador de São Paulo