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Revista da CAASP / Abril 2013
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ENTREVISTA
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ENTREVISTA
a melhor política industrial possível é a política horizontal, e essa é feita com uma taxa de câmbio
relativamente desvalorizada e relativamente estável.
O Brasil deixou o câmbio se valorizar demais, o que prejudicou muito as exportações brasileiras. Veja
o caso da Argentina, um fracasso total. Quer dizer, as exportações diminuíram no mundo inteiro, e o
Brasil também sofreu, e isso tem efeito no nível de atividade.
Mas agora houve uma melhoria do setor exportador por causa de duas ações do governo: primeiro,
a desoneração da folha de pagamento ­ quando você desonera a folha de pagamento você baixa o
custo da mão de obra; e houve uma melhoria do dólar. Então, você tem um estímulo para retomar as
exportações e para poder competir com as importações.
Eu acredito que vamos ter neste ano um crescimento entre 3% e 4%, e acho que já está rodando em
3%, 3,5%. E vamos ter uma inflação de 5,6%, 5,7%. Não temos nenhum problema maior com contas
correntes, vamos continuar sendo financiados, temos reservas muito importantes.
O senhor criticou muito a "maquiagem" que o governo fez para alcançar o superávit primário.
Qual a gravidade da atitude do governo?
Foi uma atitude absolutamente desnecessária, mas um pecado venial. Nada que faça o governo
perder a credibilidade, mas que teve um ar de falso malandro. Você não consegue enganar ninguém.
O mercado é muito mais esperto, a crítica saiu no mesmo dia. O governo fez uma coisa inútil, que
não ajudou em nada. Mas acho que isso já é passado. Quando as pessoas insistem em voltar a isso, aí
temos uma questão política. O governo errou, corrigiu o erro, o assunto morreu.
O senhor é sempre mencionado como conselheiro informal da presidente Dilma, além de tê-lo
sido do presidente Lula...
Você acredita na imprensa?
O ministro da Fazenda não lhe telefona de vez em quando?
De vez em quando, por acidente, você pode conversar com o ministro, mas não existe nada disso.
Nem sei como nasceu isso.
Seus artigos, às vezes, parecem influenciar o governo.